Quando a reação alérgica pode ser fatal!
Você tomou um medicamento para dor e alguns minutos após começou a apresentar inchaço ao redor dos olhos? Esta é uma história típica de uma reação alérgica. Mas será que é grave? Você precisa ir ao hospital ou apenas tomar um antialérgico? Perguntas muito presentes entre os alérgicos.
A possibilidade das reações serem fatais é o que assusta e saber o que fazer neste momento pode salvar uma vida.
Anafilaxia
As reações alérgicas mais graves são chamadas de anafilaxia.
Elas ocorrem imediatamente (até no máximo 2 horas) após o contato com o que causou a reação (alimento, medicamento, etc).
Envolve o corpo como um todo, geralmente acometem mais de um órgão ou sistema. Geralmente provocam pelo menos dois dos sintomas abaixo:
- Pele: manchas vermelhas, coceira, inchaço nos lábios, olhos, orelhas.
- Gastrointestinal: vômitos, diarreia, dor abdominal.
- Respiratório: tosse, chiado, falta de ar, rouquidão, espirros, coriza e obstrução nasal.
- Cardiovascular: queda da pressão, desmaios.
Se o paciente apresentar sintomas de pelo menos 2 destes órgãos imediatamente após o contato com algum alérgeno o paciente deve ser levado a emergência pois estamos diante de uma anafilaxia.
Se os sintomas forem apenas de pele é necessário ir ao pronto socorro?
Depende do tempo de início dos sintomas e se o paciente já sabia que era alérgico.
As reações potencialmente fatais são imediatas e geralmente ocorrem até uma hora (no máximo 2 horas) após o início dos sintomas. “No exemplo acima, o paciente tomou o remédio há alguns minutos. No momento ele está apenas com sintomas de pele mas ainda pode piorar, principalmente na primeira hora. Se o paciente já soubesse ser alérgico a medicamentos para dor, maior o risco de anafilaxia”, explica.
Então, este paciente deve ir a emergência.
Porém, se ele tivesse tomado o medicamento há 5 horas, nunca tivesse tido reação a medicamentos, e estivesse apenas com coceira e vermelhidão na pele, poderia tomar anti-alérgico em casa e só procurar a emergência se apresentasse piora.
Causas principais
Nem sempre o desencadeante é facilmente identificado como neste caso. As principais causas de anafilaxia são medicamentos (principalmente anti-inflamatórios e antibióticos), alimentos (principalmente leite, ovo, soja, trigo, castanhas, peixe e crustáceos), insetos Hymenopteros (abelha, vespa e formiga), látex, etc.
Contrastes radiológicos
Outras causas comuns de reações graves são os contrastes radiológicos. São considerados pacientes de risco os que tiveram reações prévias com contrastes, idosos e asmáticos. O fato de um paciente ser alérgico a crustáceos não aumenta o risco dele reagir a contrastes, isto é um mito.
Exercícios físicos
“O exercício físico, o período menstrual e a ansiedade são fatores que podem também potencializar uma anafilaxia em pacientes alérgicos”. Existem pacientes que só têm anafilaxia quando além de tomar determinado medicamento realizam exercício físico em seguida.
O perigo de tomar os anti-histamínicos para prevenir a reação alérgica
“Alguns pacientes que sabem ser alérgicos tomam um comprimido de anti-histamínico antes de ingerir certo medicamento ou comer caranguejo, por exemplo. Estes pacientes estão correndo um grande risco. O anti-alérgico não impede que a reação aconteça e pode não ser suficiente para trata-la”.
Adrenalina
O medicamento que salva a vida de um paciente com anafilaxia é a adrenalina ou epinefrina. Todo paciente que já teve uma anafilaxia deveria portar sempre consigo a medicação. Ela existe em dispositivos portáteis auto-injetáveis, mas infelizmente ainda não temos disponível no Brasil.
Muitos estudos mostram que o óbito acontece na maioria das vezes pelo retardo na administração da adrenalina. “Assim, diante de uma anafilaxia, o paciente deve retirar o alérgeno se este estiver presente (por exemplo, retirar luva de látex), evitar mudanças bruscas de posição e ser levado imediatamente ao hospital. A adrenalina deve ser aplicada via intra-muscular pois age mais rapidamente que a via subcutânea. Broncodilatadores inalatórios e corticoides também podem ser utilizados antes de chegar no hospital. Porém, na ausência de melhora com as medidas iniciais ou na dúvida de que se trata de uma anafilaxia, o paciente deve procurar o hospital”.
Acompanhamento médico
Após o atendimento de emergência, o paciente deve procurar um alergologista que fará a confirmação do desencadeante de alergia, elaborará um plano de ação de emergência para uma próxima reação acidental e fará o tratamento de dessensibilização quando possível.
O tratamento
A dessensibilização consiste em dar doses progressivas do alérgeno até que o paciente possa entrar em contato e não apresentar reação. Pode ser realizada para medicamentos como AAS e penicilina, alimentos como leite e ovo e insetos hymenopteros como abelha, vespa e formiga.
Fabiane Pomiecinski